Sexta-feira, 28 de Novembro de 2008

Desenvolvimento sustentavel de Tras-os-Montes e Alto Douro


I - O vale do Tua
 
Desde a sua fundação que, primeiro no Club Transmontano, e nas últimas décadas na nossa casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, esta instituição tem procurado debater e aprofundar ideias sobre as questões estruturais relacionadas com o desenvolvimento e a melhoria das condições de vida na nossa região.

Nesse sentido, e numa primeira iniciativa da presente direcção, a Casa Regional de Trás-os-Montes e Alto Douro e o Instituto da Democracia Portuguesa (IDP) vão organizar no próximo dia 13 de Dezembro, Sábado, pelas 15 horas,  uma Sessão-debate sobre o desenvolvimento sustentável do Vale do Tua, o qual abrange e diz respeito aos seguintes 5 municípios: Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor. 

A nossa Instituição está aberta a toda a discussão e a todos os pontos de vista acerca do desenvolvimento da região (e de outras da nossa querida área natural, sobre outros temas que oportunamente possam surgir).

Foram convidados os Presidentes dos Municípios do vale do Tua, já que, com todo o seu conhecimento e experiência, muito poderão contribuir para o debate do projecto apresentado pelos técnicos especialistas do IDP.

Apelamos à presença de todos os associados que  se manifestem interessados no desenvolvimento sustentável da nossa região. A sessão será antecedida de um almoço que decorrerá na nossa Sede, situada no Campo Pequeno, Nº 50-3º Esq.
 
Por razões logísticas solicitamos a todos os que pretendam participar no almoço que se inscrevam previamente pelo telefone 217939311.

 

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Quarta-feira, 26 de Novembro de 2008

A chegada do Inverno

Por muitas e variadas propostas que tenha em mente para redigir estas crónicas, quando chega o dia em que as devo concretizar, não me recordo delas e pior, não sei como começar. A disciplina da escrita desenvolve, por vezes, algumas ansiedades até que o escrito fica pronto. Hoje estou num desses dias, e o começo da chuva traz-me inspirações repetitivas como a matança do porco, as castanhas e os magustos, as sopas completas, as chegadas à lareira com os enchidos de remédio convivial, ... e a lembrança de que já escrevi sobre todos esses temas.

A região de Trás-os-Montes e Alto Douro é pródiga em feiras nesta época do ano. A que causa mais admiração é a famosa Feira dos Gorazes de Mogadouro. Para provocar a resposta que eu já sei pergunto algumas vezes, a oriundos do Sul, se sabem o que é esta feira, indico a localização e praticamente a totalidade me responde com perguntas sobre a razão de uma feira de peixes, porque razão o "goraz" é tema de feira nesta localidade e todos ficam surpreendidos com a minha resposta. De facto até muitos transmontanos desconhecem a origem desta designação. Ao que sei "goraz" era o nome dado à taxa, contribuição, para poder participar com produtos para venda nesta feira onde se comercializava tudo. Claro que com a evolução o âmbito da feira alargou-se, tem espectáculos e é possivelmente o evento mais importante de Mogadouro. Para além das vendas variadas há um importante capítulo de actividades lúdicas. Inicialmente estas feiras eram dedicadas aos produtos alimentares e comércio de gado, e outras actividades agrícolas.

 

Mas o panorama de animações de feiras, e mostras, está a aumentar. Fiquei agradavelmente surpreendido com a Festa das Sopas e Merendas em Freixo de Espada à Cinta. E porque somos ainda um País de Sopas, sopas completas que constituem uma refeição, e de merendas... felizes aqueles que ainda as podem fazer.

 

No programa, prevê o dia de abertura, uma manifestação especial, degustação, apresentada por um trio que garante, cegamente, o seu sucesso: Restaurante Flor de Sal, Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Escola de Hotelaria de Mirandela. Quando esta crónica for publicada já, de certo, esta degustação foi devolvida à Natureza. No entanto, corro o risco de vos abrir o apetite e não esquecer a próxima edição desta festa.

 

Ora aqui vai o cardápio: "Aveludado de Abóbora Menina, com Gengibre raiado de Azeite de Trás-os-Montes e palitos de Queijo Terrincho Velho". Bem, podemos ficar espantados com estas misturas. Fora de questão está a utilização de três produtos tipicamente locais, podemos é estranhar a utilização do gengibre. Este, assumido como um fármaco até ao século XVIII, tem uma função importantíssima nesta preparação que é aumentar o sabor da abóbora, habitualmente adocicada por natureza.

 

"Almôndegas de Azeitona Negrinha de Freixo na Companhia de Migas de Bispo". Quanto a esta confecção tenho que remeter os leitores para as obras de receituário do meu Amigo António Monteiro, designadamente os registos do livro "O Azeite e as Azeitonas" e ainda para o recente, e excelente, livro "Palavras do Olival", ambos do João Azevedo Editor. Apenas vou referir a curiosidade das Migas do Bispo. Parece que assim são designadas por ser um prato rico confeccionado durante as visitas episcopais, e que teriam uma grande variedade de legumes, feijão-frade, ovos, vinho...

 

"Rabos de Polvo das Bruxas em Torradas de Azeite e Alho". Sem novidades excepto a sua apresentação que será, possivelmente, como um petisco. Desde cedo que o polvo marcou presença entre nós pela sua capacidade de conservação, em seco. Recentemente, em encontro gastronómico com nuestros hermanos da Galiza, afirmavam eles que um dos elementos comuns connosco é o polvo. Sim, que eles preferem e acham-se mais parecidos com o Norte de Portugal do que com a Espanha! Das "Bruxas" acho muita graça, e com seriedade, pois eu sou um devoto das Bruxas conforme terão percebido os que leram a minha última crónica na qual apresentava o meu conceito de "Bruxas Boas", que são as fadas dos adultos.

 

"Ensopado de Perdiz em Tomatada". Aparentemente sem história mas, às vezes, o mais simples é o mais complexo. Garantida que esteja a qualidade do pão, perdiz selvagem e o tomate bem tratado.

 

"Cabrito com Marmelos e Figos, e Crocante de Amêndoa". Ora aqui temos um exemplo de influências da permanência dos "mouros" entre nós. Não podemos esquecer que após a sua expulsão fomos tolerantes e deixámos ficar todos aqueles que estavam ligados à alimentação designadamente os comerciantes que andavam de feira e que eram os únicos, até á descoberta do Brasil, que comercializavam o açúcar de cana. Hoje em dia é fácil encontrar em todo o Magreb o cabrito assado com marmelos. Pena é que nós apenas o usemos para fazer marmelada. E os "Marmelos Assados no Forno com Mel e Canela"? Estão quase a desaparecer. E os "Marmelos em Calda"? Os lisboetas ainda podem comer no restaurante "Farta Brutos" no Bairro Alto. Figos de todos os países do Mediterrâneo mas que, nestas coisas de comer, os mares sobem facilmente até às montanhas. A cozinha de fusão, hoje identificada, foi um processo lento e que confirma como as questões do quotidiano evoluíram num cruzamento de prazer para a vida das sociedades.

 

"Papos de Anjo de Azeitonas com Gelado de Vinho Moscatel". Fecham com chave de ouro. Os mais cépticos já enrugaram a testa com a perversão das azeitonas nos Papos de Anjo. Os anjos, pelas suas virtudes saberão acolher e valorizar todos os que pretendem protecção. Viva a imaginação! E não esqueçamos os versos populares, cantados em dias de feira ou romaria, de outra especialidade celestial: "O nome toucinho-do-céu/ tem a sua explicação/ toucinho pelo ingrediente/ do céu pela satisfação." Olhemos para as azeitonas adoçadas, com mais ternura.

 

Genericamente sobre "Sopas e Merendas" parece-me que seria bom parar um pouco e reflectir sobre o inferno das acelerações diárias, com pequeno-almoço rápido e deficiente, almoços ainda piores e o abandono da refeição do meio da tarde, que é a merenda. Sem querer armar-me em nutricionista, nem dietista, há pequenos conselhos que deveríamos por em prática. Um pequeno-almoço tranquilo e equilibrado garante um dia melhor. Às refeições sempre sopa. Quantas vezes uma boa sopa, sopa completa, faz uma verdadeira refeição. Por alguma razão nos quartéis e hospitais a sopa era parte obrigatória nas refeições e quase sempre o melhor componente. Comam sopa pela vossa saúde.

 

E agora as Merendas. Quantas vezes associadas a passeios ao campo, apetite entre refeições, e que no passado serviam para revigorar forças nos trabalhos do campo. Ainda me lembro de merendar pão de centeio com uvas. Pão de mistura com enchidos ou bom presunto.

 

Para não variar, cá estive eu a desviar o tema que me propus tratar. Mas tudo em louvor das nossas terras. E nesta época de Inverno saudemos a feiras ou festas dos nossos bons produtos, da castanha, da abertura do vinho novo ou dos célebres enchidos.

 

Mesmo ao terminar esta crónica, acabo de receber a notícia que as Equipas Olímpicas Portuguesas da Culinária acabaram de receber duas medalhas de bronze, em disputa na Alemanha entre cinquenta e três países. Portugal está representado por um equipa sénior da qual faz parte o nosso conterrâneo Manuel Bóia, e uma equipa júnior chefiada pelo nosso também conterrâneo António Bóia, ambos naturais de Santulhão e que são irmãos. Parabéns a todos.

 

BOM APETITE!

 

© Virgílio Gomes

publicado por ctmad às 07:38
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Sábado, 22 de Novembro de 2008

O magusto da CTMAD de dia 16 de Novembro

O nosso amigo e conterrâneo Costa Pereira de Mondim de Basto publicou no seu blog Portugal, minha terra um artigo excelentemente ilustrado sobre o magusto da nossa Casa, ao qual pode aceder clicando aqui.

 

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Sábado, 8 de Novembro de 2008

MAGUSTO DA CTMAD

  GRANDE MAGUSTO

DA

CASA DE TRAS-OS-MONTES E ALTO DOURO

 

- DOMINGO -

16 NOVEMBRO 2008

 

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA
(Rua Major Neutel de Abreu, Benfica)
 

metro: ALTO DOS MOINHOS





 

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Terça-feira, 4 de Novembro de 2008

EM DEFESA DA RAÇA ASININA DE MIRANDA

por Rui Matos Nogueira*

 

O Planalto Mirandês viu surgir, nas suas condições naturais impares, um grupo diferenciado de exemplares de gado asinino, constituindo, os indivíduos remanescentes, o efectivo da entretanto reconhecida Raça (autóctone) Asinina de Miranda. De uma população numerosa, passou a cerca do milhar actual, um declínio acentuado ditado pelas profundas alterações no mundo rural e que têm expressão máxima na desertificação demográfica e envelhecimento dos povoados rurais. Neste quadro se inscreve um igualmente crescente abandono da actividade agrícola, facto que a par da mecanização retirou importância ao burro enquanto animal de trabalho. A constatação da involução no número destes burros na região levou à criação da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino
 (AEPGA), uma associação não governamental sem fins lucrativos constituída notarialmente a nove de Maio de 2001, que
 tem por objecto social a preservação e a promoção do gado asinino, com especial enfoque na Raça Asinina de Miranda, de forma a defender do risco de extinção um património genético único, potenciando um modelo sócioeconómico em perfeita harmonia com o meio ambiente. A transmissão inter-geracional das tradições culturais associadas à relação secular entre homem e burro constitui um aspecto a valorar enquanto contribuinte para uma identidade regional. O Burro de Miranda ajudou durante muito tempo a compor a paisagem das propriedades rurais do planalto mirandês, nas quais formavam o principal suporte do serviço realizado a tracção animal. Podem ter cedido as estradas para os carros e muitos campos para as máquinas agrícolas mas é uma raça ainda amplamente usada na região pelas suas características fenotípicas e comportamentais, apreciada pela resistência associada à robustez, pela maciez do passo que lhes confere um certo "glamour" nos desfiles em romarias da região. Hoje, mesmo sem o grau de importância de outrora, estes animais ainda são úteis na propriedade. A AEPGA colabora activamente com os criadores de animais da raça in
 locum, mediante a prestação de cuidados técnico veterinários, fomentando os nascimentos através da reactivação de "Postos de Cobrição" havia muito extintos, promovendo campanhas de bem-estar animal, organizando acções de formação em maneio, revitalizando feiras, recriando rotas comerciais em tempos realizadas em burro. Organiza passeios temáticos em burro que visam, para além de formar na área eleita, dar a conhecer o património natural e edificado da região. Realiza workshops de veterinária e zootecnia na área da sua competência, tendo a temática da abordagem terapêutica, mediada por recurso ao burro, recebido um especial acolhimento por parte da associação. Nas escolas, realiza acções de sensibilização que visam a educação para uma cidadania activa e responsável.

Conscientes de que cada geração humana é detentora da Terra para as gerações futuras e que lhe cabe a missão de gerir de forma que esse legado seja preservado, e que, quando dele se faz uso, essa utilização seja prudente;

Estamos conscientes do valor cada vez maior de que as raças autóctones se revestem do ponto de vista mesológico, ecológico, genético, científico, recreativo, cultural, educativo, social e económico.

____________________________________
*da AEPGA, tlm: 922 032 644

publicado por ctmad às 07:57
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