Em Lisboa, a Câmara Municipal está a trabalhar em parceria com outras entidades para produzir um programa à altura do jornalista, escritor e jurisconsulto de Mogadouro: Francisco José Trindade Coelho (1861-1908). O descerramento de uma lápide evocativa na casa onde viveu os seus últimos dias - na Rua Larga de São Roque, nº 20, 4.º andar (actual Rua da Misericórdia) - assinalará o arranque das comemorações. A cerimónia está agendada para o dia 9 de Agosto, data fatídica em que o escritor se suicidou, e vai ser precedida da apresentação institucional da programação municipal, que se estenderá pelos meses de Setembro e Outubro.
por Armando Jorge Silva
Em Maio, andei peregrinando por terras de Trás-os-Montes. No final resultaram saudades mortas, memórias revividas, reencontros aguardados, emoções sentidas, informações novas recolhidas e a vontade irresistível de querer regressar sempre.
Entrei em Trás-os-Montes pelo Minho. Em Braga, no Santuário do Sameiro, onde comemorávamos o 44º aniversário do embarque para Angola, aos camaradas militares do B.Caç.670 tive a oportunidade de dizer: "Foi e continua a ser o sentimento orgulhoso do dever cumprido para com a Pátria que nos congrega e nos torna amigo solidários".
Apanhei a auto-estrada A7, em Fafe, já a meio do trajecto, mas ainda a tempo de contemplar a configuração do seu lançamento em terras transmontanas. Depois, tive o ensejo de percorrer, pela primeira vez, o troço da A24, entre Vila Pouca de Aguiar e Chaves (fronteira). À medida que galgava quilómetros e quilómetros embalado na rapidez e segurança que as auto-estradas proporcionavam, perante o quase nulo trânsito que encontrava dei comigo a pensar ser aquele faraónico investimento um desperdício injustificável e louco para o País. Pensei melhor e do mau pensamento me arrependi. De facto, se queremos um Trás-os-Montes moderno, progressivo, capaz de rentabilizar potencialidades e arrancá-lo do ancestral atrofiamento é forçoso abrir-lhe portas e fronteiras. As acessibilidades são fundamentais. E elas aí estão, cada vez mais e melhores. O futuro da nossa terra, desenha-se. Trás-os-Montes já não é aquela terra distante, isolada entre montes, carente de civilização. É já ali, a poucas horas, com um manancial de riquezas naturais e humanas para conquistar e usufruir. O que vimos dá-nos essa esperança, garante-nos essa certeza.
Percorri, como explorador enfeitiçado por terra virgem, a serra do Alvão. Alvadia, Macieira, Lamas d'Olo, Travassos, Vilar de Ferreiros, já no concelho de Mondim de Basto, encontram-se hoje ligadas por estrada asfaltada e proporcionaram a oportunidade de saciar-me sofregamente com a imensidade da paisagem serrana.
Estive em Vila Pouca de Aguiar, Chaves, Valpaços, Vila Real. Olhei com a força de quem quer ver. Equipado com máquina fotográfica registei imagens para confirmar ideias. Vilarandelo, Vale de Casas, Fornos do Pinhal, Sonim, Barreiros, Santa Valha, Ervões e localidades anexas, Vassal, todas no concelho de Valpaços, serviram-me de ensaio.
Observei vilas e cidades reparadas, limpas, ordenadas, equipadas com as valências modernas necessárias para garantir qualidade de vida. Constatei o resultado feliz de um trabalho feito e os benefícios de um investimento aplicado.
No entanto, nas aldeias pairam em cada canto os sinais evidentes da desertificação humana. Uma realidade há muito tempo prevista e agora irreversivelmente confirmada.
Não surpreende, mas torna-se dolorosa. Entra-se nas aldeias, vêem-se igrejas, capelas, cemitérios, moradias, pequenos largos e singelos monumentos, percorrem-se ruas empedradas, bate-se à porta das casas, novas ou reparadas. Procura-se uma informação. Responde-nos o silêncio. O silêncio de algo que outrora falava, que enchia os ares dos gritos de crianças e os campos das vozes de humanos e animais. Agora, ninguém. Talvez no café... Sim, no pequeno café ou então no Lar da Terceira Idade ainda é possível que algum velhinho ou velhinha nos possa ajudar.
É um mundo que acaba, outro que começa. Um arranjo demográfico novo se instala progressivamente nas terras transmontanas. O mundo do amanhã não muito remoto será diferente do mundo de ontem que conhecemos e vivemos. As vilas e cidades crescem e neste crescimento participa a população das aldeias. Em Vila Pouca de Aguiar, na noite de 12 de Maio, presenciei uma tocante e ordenada procissão de velas com mais de 2.000 pessoas.
Chaves mostra nas ruas, cafés e restaurantes uma apreciável movimentação de pessoas. Nesta época, a profusão dos seus canteiros relvados e floridos de amores-perfeitos faz de Chaves um encantador jardim adornando vielas, ruas, praças e monumentos.
A estrada nacional 213, que liga Chaves e Valpaços está a receber obras profundas de reparação que eliminarão, em breve, muitas curvas incómodas e perigosas e aproximarão as duas cidades do Alto Tâmega.
Vila Real, que outrora saboreei como linda mas pequena cidade, cresceu. Demonstrando uma macrofagia insaciável, em poucos anos, absorveu as freguesias satélites de Lordelo, Vila Marim, Parada de Cunhos, Folhadela, Borbela, Mateus e outras integrando-as na malha urbana. Maior, muito maior, equipada com múltiplas e variadas estruturas, construindo-se em cada dia com os olhos postos no futuro, Vila Real continua acolhedora como sempre, mas agora mais limpa, asseada, vistosa, ordenada, arborizada e florida.
Neste meu périplo terrestre transmontano, em Maio chuvoso e frio, deixei Vila Real sob impressionante dilúvio e, por Viseu, regressei a Lisboa para viver a cada hora que passa o misterioso e trágico destino da sarça ardente que sempre arde e nunca se consome. Trás-os-Montes e Alto Douro, meu amor.
Vai ter lugar, no período de 19 a 22 de Junho (inclusive), no parque de estacionamento do "Instituto Superior de Engenharia de Lisboa", sito na Rua Conselheiro Emídio Navarro, o evento designado por "MARVILA DOS SABORES", promovido pela "Junta de Freguesia de Marvila" e pelo seu "Conselho Marvilense" e com a colaboração de diversas associações e empresas, entre as quais a "CASA DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO (CTMAD)" de Lisboa.
Trata-se de um festival de cultura e gastronomia regionais em que cada um dos dias foi atribuído a uma Região, tendo o dia 21 de Junho (Sábado) sido atribuído, em simultâneo, ao Minho e a Trás-os-Montes e Alto Douro.
CONTAMOS COM A SUA PRESENÇA.
Em permanência e durante todos os dias vão estar presentes os nossos tradicionais vendedores ("Padaria Moutinho", "Douro Caves", "Sr. Jorge, de Vinhais" e "Pastelaria Nilde"), teremos o nosso conceituado artista plástico José Augusto Coelho com um stand para exposição e venda das suas obras e a CTMAD estará, também, em stand próprio, para a todos acolher com amizade e carinho.
No dia 21 de Junho (Sábado) teremos as especiais actuações da Tuna Musical de Bisalhães (cerca das 15.30h), do pequeno acordeonista que nos encantou e deliciou na Festa do Folar (cerca das 17.30h) e, por último, dos nossos queridos artistas do Grupo Maranus (cerca das 22.00h).
CAROS AMIGOS E ASSOCIADOS:
A vossa participação será naturalmente bem vinda e dará o indispensável estímulo para o evento se repetir.
O acesso é fácil, tome nota:
METRO: Estação de CHELAS; AUTOCARROS: Na R. Conselheiro Emídio Navarro: N.º 755 e 794 Nas proximidades (Av. Dr. Augusto de Castro) N.º 718; N.º 759; N.º 49
LANÇAMENTO NA CTMAD DIA 5 DE JUNHO ÀS 18.30H
APRESENTAÇÃO PELO ESCRITOR DOMINGOS LOBO
Com a chancela Edições Cosmos e primeiro livro da colecção Nova Biblioteca, acaba de sair mais um livro do nosso associado Modesto Navarro.
Desta feita brinda-nos o autor com o romance "Mulher Desaparecida a Sul".
Sem pretender tirar a oportunidade ao nosso leitor de no dia do lançamento colocar as suas perguntas a Modesto Navarro, o Notícias de Trás-os-Montes e Alto Douro entendeu por algumas questões ao autor.
NTMAD - Contos Transmontanos, Morte no Douro, Histórias do Nordeste, Lá em Cima na Montanha e Morte em Vila Flor são, entre outros, livros seus.
Porquê esta fuga para Sul?
MN - Trata-se realmente duma fuga mas também duma libertação. É uma história de amor, de desencanto, de angústias que se desenrolam entre o nordeste e o sul.
NTMAD - E há gente da nossa que participa na narrativa?
MN - Há um trasmontano, como um de nós, que perplexo pelas mudanças que passam diante de si, sonha com uma vida melhor e mais digna.
NTMAD - E cumpre o sonho?
MN - Faz depender esse objectivo do reencontro com uma mulher que está sob ameaça no mundo familiar ao qual pretende sobreviver e perante o qual pretende afirmar-se.
NTMAD - Quer dizer que a história não é conclusiva?
MN - Quer dizer que o leitor do livro é meu cúmplice. A ele caberá a resposta a essa pergunta.
A Nossa Casa
Trás-os-Montes e Alto Douro (viagens)
A Nossa Terra
Eventos e Estudos
Nova Sede - a primeira pedra em Belém
Estudo sobre o crescimento e a crise da Região
O Associativismo Regionalista Transmontano
Viagem pelo Rio Sabor (I), À procura da nascente
Da nascente à foz, Viagem pelo Rio Sabor
As nossas raízes
Portuguese Genealogy (Cândido)
Roteiros Turisticos
O Douro no caminho da literatura
Roteiro do Vale do Côa e Além-Douro
A Nossa Gente
As Outras Casas